HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA PARTE III


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História da Antropologia Parte III

A Antropologia funcionalista:
O Funcionalismo inspirava-se na obra de Durkheim. Advogava um estreito paralelismo entre as sociedades humanas e os organismos biológicos (na forma de evolução e conservação), porque em ambos a harmonia dependeria da interdependência funcional das partes. As funções eram analisadas como obrigações, nas relações sociais. A função sustentaria a estrutura social, permitindo a coesão, fundamental, dentro de um sistema de relações sociais.
A Antropologia estrutural:
A Antropologia Estrutural nasce na década de 40. Seu grande teórico é Claude Lévi-Strauss, e seu debate se centraliza na idéia de que existem regras estruturantes das culturas presentes na mente humana, e que estas regras constroem pares de oposição para organizar o sentindo. Para tecer seu debate teórico, Lévi-Strauss se apoiou em duas fontes principais: a corrente psicológica criada por Wilhelm Wundt e o trabalho realizado no campo da lingüística, por Ferdinand de Saussure, denominado de Estruturalismo. Influenciaram-no, ainda, Durkheim, Jakobson (teoria linguística), Kant (idealismo) e Marcel Mauss.
Idéias centrais:
Para a Antropologia Estrutural as culturas se caracterizam como sistemas de signos partilhados e estruturados, por princípios que estabelecem o funcionamento do intelecto humano que os originam. Em 1949, com a publicação por Lévi-Strauss de “As estruturas elementares de parentesco”, na qual analisa os aborígines australianos, em particular, seus sistemas de matrimônio e parentesco. Nesta análise, Lévi-Strauss demonstra que as alianças são mais importantes para a estrutura social que os laços de sangue. Termos como exogamia, endogamia, aliança, consangüinidade passam a fazer parte das abordagens etnográficas. Claude Lévi-Strauss piublicou as seguintes obras: As estruturas elementares do parentesco - 1949. Tristes Trópicos - 1955. Pensamento selvagem - 1962. Antropologia estrutural - 1958. Antropologia estrutural dois - 1973. O cru e o cozido - 1964. O homem nu - 1971.
O particularismo histórico:
Também conhecida como Culturalismo, esta escola estadunidense, defendida por Franz Boas, rejeita, de maneira marcante o evolucionismo que dominou a antropologia durante a primeira metade do século XX.
Principais idéias:
A discussão desta corrente se detém na idéia de que cada cultura tem uma história particular, e a difusão cultural pode se desenvolver para variadas direções. acontecer em qualquer direção. Cria-se o conceito de relativismo cultural, pensando a evolução, possível, também como fenômeno que pode se dar do estado mais complexo para o simples.
A Escola de Cultura e personalidade:
Criada por estudiosas estadunidenses discípulas de Franz Boas, influenciadas pela Psicanálise e pela obra de Nietzche, concebia a cultura como detentora de uma “Personalidade de base” , partilhada por todos os membros da mesma. Estabelecia uma tipologia cultural, haveria culturas: dionisíacas (centradas no êxtase), apolíneas (estruturadas não desejo de moderação); pré-figurativas, pós-figurativas, co-figurativas.
A Antropologia interpretativa:
Com cerca de vinte livros publicados, Clifford Geertz é, depois de Claude Lévi-Strauss, provavelmente, o antropólogo cujas idéias causaram maior impacto após a segunda metade do século 20, não apenas para a própria teoria e prática antropológica, mas também fora de sua área, em disciplinas como a psicologia, a história e a teoria literária.Considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea - a chamada Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa.
Geertz, graduado em filosofia e inglês, antes de migrar para o debate antropológico, obteve seu PhD em Antropologia em 1956 e desde então conduziu extensas pesquisas de campo, nas quais se originaram seus livros, escritos essencialmente sob a forma de ensaio. Suas principais pesquisas ocorreram na Indonésia e no Marrocos. Foi o descontentamento com a metodologia antropológica disponível à época de seu estudo, para Geertz, excessivamente abstrata e de certa forma distanciada da realidade encontrada no campo, que o levou a elaborar um método novo de análise das informações obtidas entre as sociedades que estudava. Seu primeiro estudo tinha por objetivo entender a religião em Java.
No final, foi incapaz de se restringir a apenas um aspecto daquela sociedade _que ele achava que não poderia ser extirpado e analisado separadamente do resto, desconsiderando, entre outras coisas, a própria passagem do tempo. Foi assim que ele chegou ao que depois foi apelidada de antropologia hermenêutica. Sua tese principia na defesa do estudo de "quem as pessoas de determinada formação cultural acham que são, o que elas fazem e por que razões elas crêem que fazem o que fazem".
Uma das metáforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz a Antropologia Interpretativa é a da leitura das sociedades como textos ou como análogas a textos. A interpretação se dá em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto" cheio de significados que é a sociedade à escritura do texto/ensaio do antropólogo, interpretado por sua vez por aqueles que não passaram pelas experiências do autor do texto escrito . Todos os elementos da cultura analisada devem ser entendidos, portanto, à luz desta textualidade, imanente à realidade cultural.
Idéias centrais:
A Antropologia Interpretativa analisa a cultura como hierarquia de significados, pretendendo que a etnografia seja uma “descrição densa”, de interpretação, escrita e cuja análise é possível por meio de uma inspiração hermenêutica. É crucial a leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura
Outros movimentos:
Outros movimentos significativos, na história do século XX, para a teoria Antropológica foram as escolas Cognitiva, Simbólica e Marxista.
Debates pós-modernos:
Na década de 80, o debate teórico na Antropologia ganhou novas dimensões. Muitas críticas a todas as escolas surgiram, questionando o método e as concepções antropológicas. No geral, este debate privilegiou algumas idéias: a primeira delas é que a realidade é sempre interpretada, ou seja, vista sob uma perspectiva subjetiva do autor, portanto a antropologia seria uma interpretação de interpretações. Da crítica das retóricas de autoridade clássicas, fortemente influenciada pelos estudos de Foucault, surgem metaetnografias, ou seja, a análise antropológica da própria produção etnográfica. Contribuiu muito para esta discussão a formação de antropólogos nos países que então eram analisados apenas pelos grandes centros antropológicos.
Idéias centrais:
• Privilegia a discussão acerca do discurso antropológico, mediado pelos recursos retóricos presentes no modelo das etnografias.
• Politiza a relação observador-observado na pesquisa antropológica, questionando a utilização do "poder" do etnógrafo sobre o "nativo".
• Crítica dos paradigmas teóricos e da “autoridade etnográfica” do antropólogo. A pergunta essência é: quem realmente fala numa etnografia? O nativo? Ou, o nativo, visto pelo prisma do etnógrafo?
• A etnografia passa a ser desenvolvida como uma representação polifônica da polissemia cultural, e nela deveriam estar presentes, claramente, as vozes dos vários informantes.

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