OBESIDADE INFANTIL E EDUCAÇÃO

Obesidade infantil aumenta e preocupa autoridades

Por Fabiana Caso e Juliana Araújo


Síndrome dos tempos modernos, a obesidade infantil está crescendo de forma alarmante. Nos últimos 20 anos, a taxa aumentou em cinco vezes no Brasil. Hoje, cerca de 10% das crianças brasileiras são consideradas obesas, o que, além da questão estética, pode causar doenças como diabete, pressão alta e problemas nas articulações do corpo, devido à sobrecarga de peso. Isso sem falar nos danos emocionais, já que essas crianças geralmente convivem com piadinhas e gozações dos colegas, o que afeta a sua auto-estima, aumentando a ansiedade e fazendo-as comer ainda mais.
Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria e professor de Nutrologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fabio Ancona Lopez, a criança é considerada obesa quando está cerca de 20% acima da chamada curva de crescimento, uma média entre a altura e o peso, definida pela Organização Mundial de Saúde. Ele alerta que a criança obesa também pode ter problemas de pele, por não conseguir se secar direito após os banhos. "É muito mais fácil prevenir a obesidade do que tratá-la", afirma, categórico, explicando o quanto é complicado mudar hábitos alimentares da garotada.
Há situações em que a causa é genética, quando toda a família tem propensão à obesidade. Mas o grande vilão, na maioria dos casos, é o estilo de vida sedentário dos centros urbanos, aliado a uma alimentação errada. As crianças não andam mais a pé, ficam sentadas por horas na frente da televisão ou videogame, e dá no que dá. "Tudo piora porque os alimentos consumidos nas cidades são geralmente industrializados, com maior quantidade de gordura e de sal para realçar o sabor", destaca Lopez.
A endocrinologista Silvia Bretz, membro da Associação Brasileira de Estudos da Obesidade (Abeso), lembra que o fenômeno migratório do campo para a cidade fez os índices de obesidade aumentarem. "A obesidade tomou proporções de epidemia e hoje atinge todas as classes sociais."
Ambos os médicos fazem um alerta importante: o desmame precoce pode favorecer o problema. "Até os 6 meses, o aleitamento materno deve ser exclusivo, a mamadeira preparada é mais calórica", diz Lopez. Bretz recomenda não adicionar açúcar à mamadeira, como fazem algumas mães. "O bebê ainda não sente necessidade de açúcar e, até os 2 anos, a criança tende a formar mais células de gordura".

COMO TRATAR
Decretadas as causas, o tratamento passa, necessariamente, por uma reeducação alimentar, não só da criança, mas de toda a família. O cardápio novo deve ser equilibrado, com uma quantidade definida de calorias - as crianças não podem fazer dietas severas, pois estão em fase de crescimento. A endocrinologista Bretz recomenda até 25% de lipídeos, 30% de proteínas e 45% de carboidratos.
Em seu consultório no Rio de Janeiro, ela exige a presença não só da mãe e do pai, mas também da babá, cozinheira, motorista, pai separado, namorada do pai e qualquer outra pessoa que faça parte da convivência da criança. "É muito comum que todos queiram agradar à criança com comida, e aí todo o trabalho vai por água abaixo", explica. Na tentativa de educar as crianças sobre a quantidade calórica dos alimentos, a médica inventa até brincadeiras relacionadas. "O melhor é que a dieta seja colorida, com variedade de sabores e texturas", sugere ela.
Júlia Certain Sgarbi, de 8 anos, acabou impulsionando uma mudança de hábitos na sua casa. Os pais publicitários, Simone Certain Sgarbi e Fabio Sgarbi, criaram um novo cardápio para o dia-a-dia, seguido por toda a família, incluindo a filha mais nova. Não há frituras nem itens gordurosos e, toda sexta-feira, como num ritual, a família se pesa na balança caseira.
Júlia sofreu de asma nos primeiros anos de vida e tomou muita cortisona para combatê-la. Os médicos acreditam que isso tenha alterado o seu metabolismo, o que é, provavelmente, uma das causas da sua obesidade. Ela começou a engordar aos 3 anos. Os pais consultaram diversos endocrinologistas e, hoje, toda a família continua engajada para solucionar a questão.
Felizmente, o nível de colesterol de Júlia já voltou ao normal: ela só deve emagrecer um pouco mais. O endocrinologista lhe recomendou cinco horas de atividade física por dia, o que vem sendo cumprido. Hoje ela pratica judô, tênis, ginástica olímpica e balé. Mas o combate à obesidade é uma luta constante. "Era muito difícil controlar a dieta da Júlia, porque as amiguinhas do colégio levavam doces para ela, ou até as avós das amiguinhas", conta a mãe. "Mas agora ela própria se conscientizou, e quer emagrecer."
O profissional autônomo João (nome fictício, pois ele prefere não se identificar) também passou pelo mesmo problema com seu filho do primeiro casamento, Pedro (nome fictício), de 12 anos. Pedro morava com a mãe em outra cidade, mas João ficou alarmado quando observou que ele estava engordando muito. Há oito meses, trouxe-o para São Paulo. Hoje, ele mora com o pai, a madrasta e os irmãos do segundo casamento.
O pai procurou uma nutricionista, que criou um cardápio especial, seguido à risca. Pedro já perdeu 11 quilos. "Ele não sabia o que era uma salada e, hoje, come em horários certos", conta o pai. "Está supervaidoso, quer emagrecer mais e tem consciência do que pode ou não comer. Mudou a sua postura e estilo de vida." Pedro também faz ginástica diariamente no condomínio onde mora e freqüenta uma escola de futebol.
Exercícios físicos são sempre recomendados pelos médicos. Deve-se tomar um certo cuidado para avaliar se a modalidade escolhida é adequada, afinal, ninguém quer ver o filho como alvo de gozação. No Ambulatório de Obesidade Infantil da Unifesp, são promovidas diversas atividades físicas e lúdicas entre as crianças obesas, que se movimentam dentro de seus limites.
Para a endocrinologista Bretz, a prática da atividade física deve ser de pelo menos três vezes por semana. "Uma ótima combinação são trinta minutos de movimento aeróbico e trinta de atividades lúdicas", recomenda. A situação ideal, segundo ela, é contratar um personal trainer para criar um programa individualizado, mas, na falta de recursos, uma atividade global como a natação também é indicada.
Nada é melhor do que a prevenção. Mas se a obesidade já está instalada, vale o alerta do pediatra Lopez: "Não espere a criança ficar muito gorda, nem pense que tudo se resolve na adolescência. É errada a idéia de que tudo vai melhorar quando crescer: é melhor tratar logo, pois a criança vai continuar crescendo também no seu peso", afirma.

ESCOLAS CONTRA OBESIDADE
Até o fim deste ano, a Prefeitura de São Paulo deverá saber ao certo qual é o peso e a altura da maioria dos alunos com até 7 anos da rede municipal de ensino. Parceria entre as secretarias municipais da Educação e da Saúde, o programa Escola Promotora de Saúde avaliou o estado nutricional de 6 mil alunos de até 14 anos em 2005 e 2006 e constatou, no ano passado, um índice considerado alto de crianças obesas: 8,5% - além de 9,2% com excesso de peso. O resultado incentivou outra avaliação, mais ampla, para que seja criado um programa de prevenção à obesidade infantil.
Na faixa etária definida para o estudo - até 7 anos -, o município tem, aproximadamente, 400 mil alunos, segundo Domingos de Palma, coordenador do programa Escola Promotora da Saúde pela Secretaria Municipal de Educação. "Nossa idéia é avaliar o maior número de crianças possível", afirma Palma, que integra o departamento de pediatria da Unifesp. Ele justifica a importância da prevenção: "A maioria das crianças de 7 e 8 anos obesas que atendo no consultório já era assim com 2 anos".
Enquanto o estudo não é concluído, os alunos que tiveram diagnóstico de obesidade nas avaliações anteriores já estão sendo acompanhados, segundo Palma. "Alguns foram para uma Unidade Básica de Saúde, outros estão sendo atendidos nas faculdades parceiras do programa, como a Unifesp", explica.
O programa Escola Promotora de Saúde definiu que os alunos obesos ou com outros distúrbios nutricionais - como anemia - serão encaminhados para uma UBS específica, que corresponde à região da escola onde estuda.

MAIS HÁBITOS ALIMENTARES NAS ESCOLAS
Para evitar a obesidade, no entanto, as crianças não precisam esperar as ações de prevenção da Prefeitura. A nutricionista Carolina Menezes Ferreira comparou os hábitos alimentares de 112 alunos de 9 anos em média - metade com excesso de peso, outra metade de peso normal - de duas escolas públicas na Água Rasa, na zona leste de São Paulo, para defender sua tese de mestrado.
A profissional pediu aos pais que anotassem, por três dias, o cardápio completo que as crianças comeram, dentro e fora da escola. "Elas comem poucas frutas, legumes e verduras e consomem em excesso proteína, gordura e carboidrato simples", concluiu Carolina.
O consumo excessivo de proteína pode ser decorrente do "aumento do consumo de embutidos, como salsichas", diz. A gordura está principalmente nas frituras e, os carboidratos, nos doces e refrigerantes consumidos por todas as crianças entrevistadas.
Carlos Magno, de 12 anos, não tem exatamente o mesmo perfil dos alunos pesquisados por Carolina - gosta de salada e legumes, segundo a mãe, Selma Cardoso, 36. Em casa, come a refeição preparada por ela, mas, na escola, não chega perto da merenda. "O feijão tem gosto estranho e o arroz é duro", diz o garoto, que estuda na Escola Estadual Matilde Macedo Soares, na zona norte de São Paulo. Ele prefere dividir com um amigo "salgadinho e refrigerante" no recreio.
O chefe da disciplina de nutrição e metabolismo da Unifesp, José Augusto Taddei, diz que a solução é "corrigir o estilo de vida". "Houve um aumento no sedentarismo e no consumo de alimentos. As pessoas precisam comer menos e fazer atividades físicas pelo menos três vezes por semana."

PESO AUMENTA EM 28 ANOS
21,5% dos rapazes entre 10 e 19 anos apresentaram excesso de peso em 2002. Em 1974, eram 4,4%. 18% das garotas da mesma idade tinham sobrepeso em 2002.

GOVERNO QUER MERENDAS MAIS ATRATIVAS
O governo do Estado de São Paulo também está preocupado com a saúde de seus alunos. Para tornar a merenda mais atrativa, serão introduzidos, neste ano, cardápios regionais para crianças de 1ª a 4ª séries, e internacionais, às de 5ª a 8ª, uma vez ao mês. A coordenadora de projetos do departamento de nutrição escolar da Secretaria Estadual da Educação, Monika Nogueira, diz que, além da novidade, desde 2002 já estão sendo realizadas ações de educação nutricional nas escolas do Estado.
"Uma vez por ano, estudantes de nutrição de faculdades parceiras ensinam aos alunos boas práticas alimentares", conta. Ela afirma ainda que, pelas paredes das escolas, foi pendurado amplo material informativo sobre o assunto. "Nossa maior preocupação é com a formação dos hábitos alimentares."
Cardápio renovado:
O cardápio das escolas estaduais e municipais é praticamente o mesmo - alterna macarrão e arroz, feijão, carne e salada. O Estado publica novas opções de cardápio a cada dois meses no Diário Oficial. Nas escolas municipais, a diretora da Divisão Técnica da Merenda Escolar, Mônica Krauter de Andrade, afirma atualizar o cardápio mês a mês.
A sugestão da nutricionista Carolina Menezes é acrescentar diferentes tipos de legumes para deixar a salada "bem colorida e mais atraente" para o paladar das crianças, além do incentivo à prática de atividades físicas.

BUSCANDO NOSSOS DIREITOS

VOCÊ SABIA????

Acho que grande parte da população não sabe, principalmente por falta de divulgação através da mídia; é que a Lei 3.051/98 nos dá o direito de, em caso de roubo ou furto, mediante à Apresentação do Boletim de Ocorrência, gratuidade na emissão da segunda via de documentos tais como: Habilitação (que custaria R$ 42,97); Identidade (R$ 32,65); Licenciamento Anual de Veículo (R$ 34,11). Para conseguir a gratuidade, basta levar a uma cópia (não precisa ser autenticada) do BO- Boletim de Ocorrência e o original ao detran Habilitação e Licenciamento) e outra cópia à um posto do IFP. O registro serve para nos beneficiar. Passo esta mensagem porque deveríamos saber dos nossos direitos, uma vez que ao sermos lesados, não tenhamos ainda que pagar pelas taxas abusivas das segundas vias. Gostaria que cada um não guardasse só para si. Repassem a seus amigos. Vamos fazer valer nossos direitos!



DISCIPLINA VERSUS CASTIGO


Disciplina, sim. Castigo não!

Campanha propõe aos pais adoção de métodos que não utilizem violência física e psicológica:


Se acalme. Respire fundo antes de chamar a atenção do seu filho. A dica faz parte da campanha “Não Bata, Eduque!”, lançada pelo presidente Lula a fim de estimular a população a refletir sobre o assunto e promover uma mobilização contra castigos físicos e humilhantes usados como medida disciplinar na educação de crianças. O enfoque da campanha, lançada com a participação da Xuxa, não culpa os pais e defende que eles precisam de apoio para utilizar as “estratégias positivas de educação”, que não utilizam a violência física e psicológica e que promovem o desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos.


Reflexão:


O objetivo da iniciativa é estimular a população a pensar sobre o assunto e a se mobilizar contra as agressõesNão é difícil encontrar adultos que pensam que palmadas e puxões de orelha são necessários na educação dos filhos. Um castigo não muito raro é quando o pai ou a mãe, num rompante de raiva, sacode a criança. Tal punição pode causar lesões permanentes no pescoço, mesmo que o agressor não tenha a intenção. “A violência contra crianças e adolescentes na família pode freqüentemente ocorrer no contexto de medidas disciplinares e assumir a forma de castigo físico, cruel e humilhante”, alerta o especialista Paulo Sérgio Pinheiro num estudo sobre violência global.“A violência começa em casa. Aquela criança que é vítima da força dos pais tem maior possibilidade de replicar isso na vida adulta”, diz a pediatra Renata Waksman, coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência contra Crianças e Adolescentes da Sociedade de Pediatria. “Os castigos físicos representam violação do direito à vida, à integridade física e psicológica e ao pleno desenvolvimento da criança. Trata-se de uma prática obsoleta que vem sendo substituída até no adestramento de animais”, afirma Eleonora Ramos, da Rede Não Bata, Eduque!, que congrega entidades do País em defesa aos direitos das crianças.

Estudo ouviu crianças pelo mundo:

O estudo do professor Paulo Sérgio Pinheiro, diretor do Núcleo de Estudos da Violência da USP, intitulado Relatório Global sobre a Violência Contra Crianças no Mundo, ouviu crianças de todos os continentes do mundo que passaram por situações de violência. É o primeiro estudo abrangente desenvolvido, a pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), sobre todas as formas de violência contra crianças.O estudo aborda a questão da violência contra as crianças em diversos ambientes: na família, nas escolas, em instituições assistenciais alternativas, instituições de privação de liberdade, em locais onde crianças trabalham e em comunidades. Está fora do estudo, a violência contra crianças em conflitos armados. Paulo Sérgio lançou mão de um método participativo em que as crianças relataram suas experiências em situações de violência.Entre os pontos do estudo, está a necessidade de prevenção da violência, que nunca pode ser justificada; que todas as crianças têm o direito a uma vida isenta de violência e que a melhor maneira de lidarmos com a violência contra crianças é detendo-a antes que ela ocorra. Os Estados devem investir em políticas e programas baseados em provas que ataquem os fatores que originam a violência e tomar as medidas para garantir que recursos sejam alocados para atacar suas causas.
Não bata, eduqueDez idéias para os pais levarem em conta na hora de advertir as crianças
1 - Evite discutir os problemas sob o efeito da raiva, pois dizemos coisas inadequadas para a aprendizagem das crianças e que provocam mágoas.

2 - Sempre tente conversar com as crianças, entender porque algo está acontecendo com a criança é o primeiro passo para juntos vocês encontrarem a solução.

3 - Jamais recorra aos tapas, insultos ou palavrões. Como adultos não queremos ser tratados assim quando cometemos um erro, então não devemos agir assim com nossos filhos.

4 - Não deixe que a raiva ou o estresse que acumulou por outras razões se manifestem nas discussões. Seja justo e não espere que as crianças se responsabilizem por coisas que não lhes dizem respeito.

5 - Converse na presença dos envolvidos na discussão. Isso contribui para uma melhor comunicação. Mantenha um tom de voz baixo e calmo, segure as mãos da criança enquanto conversam – o contato físico afetuoso ajuda a gerar maior confiança entre pais e filhos e acalma os pequenos.

6 - Valorize e faça observações sobre os aspectos positivos do comportamento deles(as). Elogios sobre bom comportamento nunca são demais. Cuidado para não atacar a integridade física ou emocional da criança fazendo com que ela sinta que jamais poderá atender suas expectativas. Ao invés de dizer “Você é um desastrado, nunca faz nada direito!”, que tal tentar “Olha o que acaba de acontecer, como podemos evitar que aconteça de novo?”

7 - Considere sempre as opiniões e idéias dos (as) seus(uas) filhos(as). Afinal, muitas vezes, suas explicações pelo ocorrido não são nem escutadas. Tome decisões junto com eles para resolver o problema, comprometendo-os com os resultados esperados. Se o acordo funcionar, dê parabéns. Se não avaliem juntos o que aconteceu para melhorar da próxima vez.

8 - Se sentir que errou e se arrependeu, peça desculpas às crianças. Elas aprendem mais com os exemplos que vivenciam do que com os nossos discursos.

9 - Busque expressar de forma clara quais são os comportamentos dos quais não gosta e que o aborrecem. Explique o motivo de suas decisões e ajude-os a entendê-las e cumpri-las. As regras precisam ser claras e coerentes para que as crianças possam interiorizá-las.

10 - Prevenir é melhor que remediar, sempre. Gerar espaços de diálogo com as crianças desde pequenas colabora para que dúvidas e problemas sejam solucionados antes do conflito.


Quem proíbe:

15 países não toleram esse tipo de violência

- Suécia
- Finlândia
- Dinamarca
- Noruega
- Áustria
- Chipre
- Letônia
- Croácia
- Alemanha
- Bulgária
- Israel
- Islândia
- Ucrânia
- Romênia
- Hungria

OLHOS REVELAM O QUE VAI PELA CABEÇA



Os movimentos do olhar de uma pessoa dão pistas sobre o que acontece em sua mente:

Nossos olhos, esses complexos e portentosos órgãos da visão, capazes de detectar a luz e suas mudanças, transformando-a em impulsos elétricos que chegam ao cérebro, permitem tanto que vejamos o mundo a nossa volta como que mergulhemos em nosso próprio interior, já que refletem os vaivéns de nossa mente, segundo estudos recentes.
Além disso, os olhos exercem uma poderosa influência na pessoa que é olhada, de acordo com um curioso trabalho de pesquisadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido. Em um experimento, especialistas registraram quanto dinheiro as pessoas pagavam por uma bebida em uma "caixa de honestidade" no restaurante do centro de ensino. Eles descobriram que aqueles que se sentem vigiados agem com mais honestidades, mesmo que os olhos que os observem não sejam verdadeiros.
Os pesquisadores constataram que os consumidores pagavam até três vezes mais quando a caixa era colocada debaixo de um anúncio que mostrava a imagem de um par de olhos, os quais não eram ameaçadores, que quando a mesma caixa era posicionada debaixo de um cartaz com flores.
Aparentemente, "o cérebro responde de forma distinta a imagens de olhos e rostos porque a pessoa se sente vigiada", segundo o psicólogo Daniel Nettle, da equipe de cientistas. Para esses especialistas, "os olhos provocam estímulos no cérebro que mudam a conduta das pessoas".
Os pesquisadores acham que a imagem dos olhos pode afetar a percepção das pessoas, fazendo-as sentir que alguém observa o que elas fazem. Mesmo que os olhos sejam uma fotocópia em preto e branco, o cérebro processa rostos e olhos no nível do subconsciente, estimulando a sensação de que se está sendo vigiado.Depressão à vista
Segundo outro estudo, centrado nas zonas posteriores do cérebro e realizado pelo Instituto Rafael Coullaut de Psiquiatria e a Universidade Complutense de Madri, quanto mais um paciente depressivo demora a responder a um estímulo visual, maior é a gravidade dos sintomas de sua depressão.
A confirmação de que aqueles que sofrem de depressão também sofrem de um atraso na resposta ao estímulo visual foi o resultado de estudos do lóbulo ocipital do cérebro efetuados com 40 pessoas de 30 a 60 anos de idade, das quais 19 eram depressivas e 21 não tinham doença mental alguma.
Para chegar a essa conclusão, foram feitas medições da atividade cerebral dos voluntários gerada por vários tipos de estimulação psicológica. As oscilações eram detectadas por meio de uma técnica que registra as mudanças na atividade elétrica do sistema nervoso, com a ajuda de eletrodos colocados na pele ou na cabeça.O olho que tudo vê
Por outro lado, descobriu-se que o olhar pode oferecer dados valiosos sobre o processo cognitivo da pessoa que observa, graças à tecnologia conhecida como "eye-tracking", que registra os deslocamentos da vista de uma pessoa. Esse é útil, segundo os cientistas, para a análise dos processos de seleção e de aprendizagem das pessoas.
Especialistas da Universidade Técnica Joanneum de Graz, na Alemanha, estão desenvolvendo um sistema didático multimídia baseado na análise digital do olhar, o qual se adapta aos costumes do usuário e extrai conclusões do movimento de seus olhos, indicando se a pessoa analisada prefere informações em forma de imagens ou textos. A partir daí, e profissionais de ensino podem passar conhecimento de forma mais eficaz.
Os cientistas trabalham há anos com o sistema "eye-tracking", um programa de informática utilizado até agora para analisar a percepção de mensagens publicitárias ou de web sites. Os movimentos do olhar são registrados com uma câmera. A partir das imagens, é feito um gráfico, a partir do qual os processos de seleção e aprendizagem alheios ao controle da consciência são analisados.

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