JUVENTUDE OU JUVENTUDES?
Acerca de como olhar e re-olhar as juventudes de nosso continente
Resenha do Texto de: klaudio Duarte Quapper
Por: Jorge Schemes
Em nosso continente latino-americano há duas concepções a respeito do mundo juvenil. Primeira: Conservadora e funcionalista baseada nas ciências sociais e médicas, afetando os imaginários coletivos. Segunda: Integral e progressista (contraposição), abrindo espaços no mundo acadêmico, nas sociedades e entre educadores envolvidos em setores empobrecidos atingindo os jovens. Estas duas concepções (versões) a respeito das juventudes convivem juntas.
A incapacidade de muitas instituições públicas e privadas de responder as demandas e necessidades dos jovens tem levado a juventude a buscar e suprir suas necessidades e sonhos fora dos canais tradicionais ou institucionalizados. Estes jovens têm criado fórmulas próprias de expressão de seus interesses coletivos e individuais. Há uma distância entre o mundo juvenil e o mundo adulto, nas famílias, nas escolas, nas comunidades locais, organizações e nos próprios grupos de jovens. É preciso construir olhares que integrem as diferentes visões, incluindo o que os próprios jovens dizem de suas necessidades, sonhos, estilos de vida, expressões, agrupações, resistências, etc. Outra questão a ser considerada é que termo usar: juventude ou juventudes? A epistemologia do juvenil exige um olhar deste mundo social a partir da diversidade, do reconhecimento da heterogeneidade no universo juvenil, pois o jovem rico não é o mesmo do empobrecido, e a mulher jovem não é a mesma que o homem jovem. A construção de um olhar, sobre a juventude do nosso continente sob uma nova ótica não tradicional, é necessária.
Há vários sentidos simultâneos quando se fala em juventude em nossa sociedade. Primeiro: clássico ou tradicional - O qual define a juventude como uma etapa da vida, neste sentido há duas concepções: 1. Uma etapa distinta de outras no ciclo de vida humano, como a infância, vida adulta e velhice. As mudanças próprias da puberdade que assinalam o ingresso a um novo momento de desenvolvimento do ciclo vital. 2. Preparação para o ingresso no mundo adulto. Os dois sentidos estão intimamente ligados. Maturidade sexual e orgânica, essa maturação fisiológica seria a causa da integração adequada ao mundo adulto, mas também as possibilidades que cada jovem tem de participar no mercado da produção e do consumo. O problema é que esta idéia trata igualmente os (as) jovens e não considera a diversidade de situações do cotidiano social. No imaginário coletivo o mundo jovem é uma mudança e um preparo para o mundo adulto. Esta é a idéia central nos discursos das ciências sociais e médicas por décadas. Desta forma, o juvenil perde importância em si mesmo, pois sempre será avaliado em função dos parâmetros estabelecidos pelos adultos.
Segundo: A juventude é classificada por faixa etária ou idade. A idade é um dado manipulado e manipulável. Exemplo: o fato de se referir aos jovens como uma unidade social com interesses comuns, com condutas e responsabilidades esperadas de acordo com a idade.
Terceira: Versão que se refere à juventude como um conjunto de atitudes diante da vida (espírito empreendedor e jovial). O que é moderno é que é jovem, a partir de uma referência de matriz adultocêntrica de compreensão e autocompreensão do mundo e em suas relações sociais. O mundo adulto é o responsável de formar e preparar as gerações futuras visando sua adequação ao desempenho das funções no mundo adulto, como trabalhadores, cidadãos, chefes de família, consumidores, etc. No caso das escolas de Ensino Médio, os estudantes e seus professores têm uma relação de estudantes e docentes, e não enquanto pessoas jovens, perdendo assim a possibilidade de aprender dos jovens e de construir junto à comunidade. O problema é que o mundo adulto olha para os jovens e as jovens a partir de uma aprendizagem que impõem a socialização adultocêntrica em que nossas culturas se desenvolvem. Ao mesmo tempo, muitos jovens internalizam estas imagens e discursos e se conformam em ser como dizem que são.
Quarta: Versão que surge da anterior, a qual coloca a juventude como a geração futura. Esta versão tende a instalar preferencialmente os aspectos normativos esperados das jovens e dos jovens como indivíduos em preparação para o futuro. Outra forma de desalojar e desistorizar os (as) jovens é estabelecer a idéia de que a juventude é o momento da vida em que se pode provar. Desta idéia surge o discurso permissivo de que a juventude é a idade da irresponsabilidade e também um discurso repressivo que pretende manter os (as) jovens dentro das margens e limites impostos.
Armadilhas Para Compreender e Autocompreender-se no Modo de Vida Juvenil:
Temos denominado esta matriz adultocêntrica (adultrocentrismo) como aquela que situa o adulto como ponto de referência para o mundo juvenil em função do que deve ser e do que deve fazer para ser considerado na sociedade (amadurecimento, responsabilidade, integração ao mercado de consumo e de produção, reprodução da família, participação cívica, etc). Isto se trata de uma corrente de pensamento e ação social que discrimina e rejeita formas propriamente juvenis de viver a vida. (Há no mínimo quatro armadilhas (concepções equivocadas) que apresentam esta forma adultocêntrica de conceber a juventude dentro da sociedade: 1ª) A universalização como homogeneização, ou seja: “os jovens são todos iguais”. O conceito de que existe uma só juventude, singular e total ao mesmo tempo. No entanto, o reconhecimento da heterogeneidade, a diversidade e a pluralidade são eixos para um novo olhar das juventudes em nosso continente. 2ª) As versões tradicionais se referem a permanente estigmatização que se faz do grupo social da juventude e de suas práticas e discursos, apresentando os jovens como um problema para a sociedade. Esta concepção está fundamentada nos preconceitos e estereótipos. 3ª) A terceira armadilha consiste na parcialização da complexidade social como mecanicismo reflexivo. A divisão por etapas do ciclo vital responde a uma visão instalada com força nos imaginários sociais em nossas sociedades latino-americanas. 4ª) A quarta armadilha está relacionada com a idealização da juventude como os salvadores do mundo. Se lhes atribui uma responsabilidade como os portadores das esperanças de mudanças e transformações das distintas esferas da sociedade pelo simples fato de serem jovens.
Estas distintas armadilhas revelam o fato de que se tem estabelecido com força a certeza da existência de uma só juventude que pretende englobar o que na realidade é um complexo e entrelaçado universo social, impossível de significar com um conceito que assume múltiplos sentidos. A juventude sempre foi vista com uma lente que a observou como uma unidade indivisível, uniforme e invariável. Este olhar dominante é que tem sustentado por longo tempo que existe uma só juventude. Na verdade esta juventude não existe e nunca existiu como tal, senão na construção feita por aqueles que a olham e na versão que é produzida como resultado deste olhar unilateral. A juventude é uma construção cultural, intencionada, manipulável e manipulada, que não consegue dar conta de um conjunto de aspectos que requer um olhar integrador e profundo a respeito de sua complexidade. Se a sua construção tem sido por meio da homogeneização, a estigmatização, a parcialização e a idealização, entre outras armadilhas, é possível estabelecer o desafio epistemológico de construí-las desde outros parâmetros que humanizem aqueles que vivem sua vida como jovens.
Pistas para um novo olhar das juventudes:
Uma primeira pista se refere à necessidade de aprender a olhar e conhecer as juventudes como portadoras de diferenças e singularidades, as quais constroem sua pluralidade e diversidade nos distintos espaços sociais.
A segunda pista está relacionada com a necessidade de focar olhares caleidoscópios até ou desde o mundo juvenil que permitam reconhecer a riqueza da pluralidade juvenil. Isso exige esforço, pois exige deixar de lado o telescópio, aquele instrumento que permite imagens fixas, para começar a usar o caleidoscópio, aquele que permite olhares múltiplos, diversos, ricos em cores e formas a cada movimento. Para capturar a complexidade das juventudes em nossas sociedades, é vital a realização cada vez mais profunda e precisa deste exercício de olhar caleidoscopicamente seus mundos, suas vidas, seus sonhos, etc.
Uma terceira pista vinculada à anterior, tem relação com deixar de lado o telescópio usado para olhar os (as) jovens. Por muito tempo os olhares predominantes têm sido os das instituições, as quais se distanciaram dos (as) jovens. O que se requer neste novo esforço epistemológico é sair às ruas, vincular-se com os (as) jovens, ouvir suas falas, olhar suas ações, sentir seus aromas, perceber sua presença.
Uma quarta pista, busca a superação da rigidez mecanicista com que se tem olhado e se tem falado da juventude. Há a necessidade de estabelecer conceitos em torno do mundo juvenil, não com a pretensão de gerar categorias totalizantes e universalizadoras, mas conceitos dinâmicos e flexíveis que se aproximem progressivamente dos sujeitos e sujeitas que são objetos de estudo, ou seja, os (as) jovens, as juventudes, as expressões juvenis e os processos de juvenilização.
A partir destas pistas se faz necessário estabelecer eixos que devem ser considerados na leitura do mundo juvenil:
1º Eixo: Considerar que o mundo juvenil se constitui a partir de um certo modo de viver-sobreviver diante da tensão existencial. Trata-se de um momento da vida, o qual não depende da idade, e que se encontra fortemente condicionado pela classe social a qual pertence, o gênero que se possui, a cultura na qual está inserido cada jovem e seus grupos.
2º Eixo: Considerando a produção do mundo juvenil, tem relação com os distintos modos de agrupar-se no espaço, que se caracterizam basicamente pela tendência ao coletivo com uma certa organização própria que os distingue e que geralmente não segue os canais tradicionais.
3º Eixo: Considerando a construção do mundo juvenil em nosso continente refere-se aos novos modos de participar na sociedade.
Estes três eixos em torno da existência das juventudes em nosso continente compõem em conjunto o processo de construção de identidade que hoje se dá entre os (as) jovens. As juventudes cobram vida, se mostram, nos mostram seus diferentes estilos e estéticas, e podemos assumir uma epistemologia integradora, ampla e compreensiva do mundo juvenil. Se conseguirmos mudar nossos olhares, certamente estaremos em condições de nos aproximarmos mais dos grupos juvenis e entender melhor suas expressões próprias de sonhos, esperanças, conflitos, temores e propostas.
Jorge Schemes:
Bacharel em Teologia Línguas Bíblicas (Grego e Hebraico)
Licenciado em Pedagogia - Habilitação em Administração Escolar e Séries Iniciais.
Pós-Graduado em Interdisciplinaridade na Formação de Professores com Especialização em Metodologia do Ensino Superior.
Pós-Graduado em Psicopedagogia Clínica e Institucional.
Licenciado em Ciências da Religião - Licenciatura Plena em Ensino Religioso.
Técnico Pedagógico na Gerência da Educação e Inovação de Joinville, SC.
Em nosso continente latino-americano há duas concepções a respeito do mundo juvenil. Primeira: Conservadora e funcionalista baseada nas ciências sociais e médicas, afetando os imaginários coletivos. Segunda: Integral e progressista (contraposição), abrindo espaços no mundo acadêmico, nas sociedades e entre educadores envolvidos em setores empobrecidos atingindo os jovens. Estas duas concepções (versões) a respeito das juventudes convivem juntas.
A incapacidade de muitas instituições públicas e privadas de responder as demandas e necessidades dos jovens tem levado a juventude a buscar e suprir suas necessidades e sonhos fora dos canais tradicionais ou institucionalizados. Estes jovens têm criado fórmulas próprias de expressão de seus interesses coletivos e individuais. Há uma distância entre o mundo juvenil e o mundo adulto, nas famílias, nas escolas, nas comunidades locais, organizações e nos próprios grupos de jovens. É preciso construir olhares que integrem as diferentes visões, incluindo o que os próprios jovens dizem de suas necessidades, sonhos, estilos de vida, expressões, agrupações, resistências, etc. Outra questão a ser considerada é que termo usar: juventude ou juventudes? A epistemologia do juvenil exige um olhar deste mundo social a partir da diversidade, do reconhecimento da heterogeneidade no universo juvenil, pois o jovem rico não é o mesmo do empobrecido, e a mulher jovem não é a mesma que o homem jovem. A construção de um olhar, sobre a juventude do nosso continente sob uma nova ótica não tradicional, é necessária.
Há vários sentidos simultâneos quando se fala em juventude em nossa sociedade. Primeiro: clássico ou tradicional - O qual define a juventude como uma etapa da vida, neste sentido há duas concepções: 1. Uma etapa distinta de outras no ciclo de vida humano, como a infância, vida adulta e velhice. As mudanças próprias da puberdade que assinalam o ingresso a um novo momento de desenvolvimento do ciclo vital. 2. Preparação para o ingresso no mundo adulto. Os dois sentidos estão intimamente ligados. Maturidade sexual e orgânica, essa maturação fisiológica seria a causa da integração adequada ao mundo adulto, mas também as possibilidades que cada jovem tem de participar no mercado da produção e do consumo. O problema é que esta idéia trata igualmente os (as) jovens e não considera a diversidade de situações do cotidiano social. No imaginário coletivo o mundo jovem é uma mudança e um preparo para o mundo adulto. Esta é a idéia central nos discursos das ciências sociais e médicas por décadas. Desta forma, o juvenil perde importância em si mesmo, pois sempre será avaliado em função dos parâmetros estabelecidos pelos adultos.
Segundo: A juventude é classificada por faixa etária ou idade. A idade é um dado manipulado e manipulável. Exemplo: o fato de se referir aos jovens como uma unidade social com interesses comuns, com condutas e responsabilidades esperadas de acordo com a idade.
Terceira: Versão que se refere à juventude como um conjunto de atitudes diante da vida (espírito empreendedor e jovial). O que é moderno é que é jovem, a partir de uma referência de matriz adultocêntrica de compreensão e autocompreensão do mundo e em suas relações sociais. O mundo adulto é o responsável de formar e preparar as gerações futuras visando sua adequação ao desempenho das funções no mundo adulto, como trabalhadores, cidadãos, chefes de família, consumidores, etc. No caso das escolas de Ensino Médio, os estudantes e seus professores têm uma relação de estudantes e docentes, e não enquanto pessoas jovens, perdendo assim a possibilidade de aprender dos jovens e de construir junto à comunidade. O problema é que o mundo adulto olha para os jovens e as jovens a partir de uma aprendizagem que impõem a socialização adultocêntrica em que nossas culturas se desenvolvem. Ao mesmo tempo, muitos jovens internalizam estas imagens e discursos e se conformam em ser como dizem que são.
Quarta: Versão que surge da anterior, a qual coloca a juventude como a geração futura. Esta versão tende a instalar preferencialmente os aspectos normativos esperados das jovens e dos jovens como indivíduos em preparação para o futuro. Outra forma de desalojar e desistorizar os (as) jovens é estabelecer a idéia de que a juventude é o momento da vida em que se pode provar. Desta idéia surge o discurso permissivo de que a juventude é a idade da irresponsabilidade e também um discurso repressivo que pretende manter os (as) jovens dentro das margens e limites impostos.
Armadilhas Para Compreender e Autocompreender-se no Modo de Vida Juvenil:
Temos denominado esta matriz adultocêntrica (adultrocentrismo) como aquela que situa o adulto como ponto de referência para o mundo juvenil em função do que deve ser e do que deve fazer para ser considerado na sociedade (amadurecimento, responsabilidade, integração ao mercado de consumo e de produção, reprodução da família, participação cívica, etc). Isto se trata de uma corrente de pensamento e ação social que discrimina e rejeita formas propriamente juvenis de viver a vida. (Há no mínimo quatro armadilhas (concepções equivocadas) que apresentam esta forma adultocêntrica de conceber a juventude dentro da sociedade: 1ª) A universalização como homogeneização, ou seja: “os jovens são todos iguais”. O conceito de que existe uma só juventude, singular e total ao mesmo tempo. No entanto, o reconhecimento da heterogeneidade, a diversidade e a pluralidade são eixos para um novo olhar das juventudes em nosso continente. 2ª) As versões tradicionais se referem a permanente estigmatização que se faz do grupo social da juventude e de suas práticas e discursos, apresentando os jovens como um problema para a sociedade. Esta concepção está fundamentada nos preconceitos e estereótipos. 3ª) A terceira armadilha consiste na parcialização da complexidade social como mecanicismo reflexivo. A divisão por etapas do ciclo vital responde a uma visão instalada com força nos imaginários sociais em nossas sociedades latino-americanas. 4ª) A quarta armadilha está relacionada com a idealização da juventude como os salvadores do mundo. Se lhes atribui uma responsabilidade como os portadores das esperanças de mudanças e transformações das distintas esferas da sociedade pelo simples fato de serem jovens.
Estas distintas armadilhas revelam o fato de que se tem estabelecido com força a certeza da existência de uma só juventude que pretende englobar o que na realidade é um complexo e entrelaçado universo social, impossível de significar com um conceito que assume múltiplos sentidos. A juventude sempre foi vista com uma lente que a observou como uma unidade indivisível, uniforme e invariável. Este olhar dominante é que tem sustentado por longo tempo que existe uma só juventude. Na verdade esta juventude não existe e nunca existiu como tal, senão na construção feita por aqueles que a olham e na versão que é produzida como resultado deste olhar unilateral. A juventude é uma construção cultural, intencionada, manipulável e manipulada, que não consegue dar conta de um conjunto de aspectos que requer um olhar integrador e profundo a respeito de sua complexidade. Se a sua construção tem sido por meio da homogeneização, a estigmatização, a parcialização e a idealização, entre outras armadilhas, é possível estabelecer o desafio epistemológico de construí-las desde outros parâmetros que humanizem aqueles que vivem sua vida como jovens.
Pistas para um novo olhar das juventudes:
Uma primeira pista se refere à necessidade de aprender a olhar e conhecer as juventudes como portadoras de diferenças e singularidades, as quais constroem sua pluralidade e diversidade nos distintos espaços sociais.
A segunda pista está relacionada com a necessidade de focar olhares caleidoscópios até ou desde o mundo juvenil que permitam reconhecer a riqueza da pluralidade juvenil. Isso exige esforço, pois exige deixar de lado o telescópio, aquele instrumento que permite imagens fixas, para começar a usar o caleidoscópio, aquele que permite olhares múltiplos, diversos, ricos em cores e formas a cada movimento. Para capturar a complexidade das juventudes em nossas sociedades, é vital a realização cada vez mais profunda e precisa deste exercício de olhar caleidoscopicamente seus mundos, suas vidas, seus sonhos, etc.
Uma terceira pista vinculada à anterior, tem relação com deixar de lado o telescópio usado para olhar os (as) jovens. Por muito tempo os olhares predominantes têm sido os das instituições, as quais se distanciaram dos (as) jovens. O que se requer neste novo esforço epistemológico é sair às ruas, vincular-se com os (as) jovens, ouvir suas falas, olhar suas ações, sentir seus aromas, perceber sua presença.
Uma quarta pista, busca a superação da rigidez mecanicista com que se tem olhado e se tem falado da juventude. Há a necessidade de estabelecer conceitos em torno do mundo juvenil, não com a pretensão de gerar categorias totalizantes e universalizadoras, mas conceitos dinâmicos e flexíveis que se aproximem progressivamente dos sujeitos e sujeitas que são objetos de estudo, ou seja, os (as) jovens, as juventudes, as expressões juvenis e os processos de juvenilização.
A partir destas pistas se faz necessário estabelecer eixos que devem ser considerados na leitura do mundo juvenil:
1º Eixo: Considerar que o mundo juvenil se constitui a partir de um certo modo de viver-sobreviver diante da tensão existencial. Trata-se de um momento da vida, o qual não depende da idade, e que se encontra fortemente condicionado pela classe social a qual pertence, o gênero que se possui, a cultura na qual está inserido cada jovem e seus grupos.
2º Eixo: Considerando a produção do mundo juvenil, tem relação com os distintos modos de agrupar-se no espaço, que se caracterizam basicamente pela tendência ao coletivo com uma certa organização própria que os distingue e que geralmente não segue os canais tradicionais.
3º Eixo: Considerando a construção do mundo juvenil em nosso continente refere-se aos novos modos de participar na sociedade.
Estes três eixos em torno da existência das juventudes em nosso continente compõem em conjunto o processo de construção de identidade que hoje se dá entre os (as) jovens. As juventudes cobram vida, se mostram, nos mostram seus diferentes estilos e estéticas, e podemos assumir uma epistemologia integradora, ampla e compreensiva do mundo juvenil. Se conseguirmos mudar nossos olhares, certamente estaremos em condições de nos aproximarmos mais dos grupos juvenis e entender melhor suas expressões próprias de sonhos, esperanças, conflitos, temores e propostas.
Jorge Schemes:
Bacharel em Teologia Línguas Bíblicas (Grego e Hebraico)
Licenciado em Pedagogia - Habilitação em Administração Escolar e Séries Iniciais.
Pós-Graduado em Interdisciplinaridade na Formação de Professores com Especialização em Metodologia do Ensino Superior.
Pós-Graduado em Psicopedagogia Clínica e Institucional.
Licenciado em Ciências da Religião - Licenciatura Plena em Ensino Religioso.
Técnico Pedagógico na Gerência da Educação e Inovação de Joinville, SC.
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