MONÓLOGO TELEVISUAL NA FAMÍLIA
Por: Jorge Schemes
Apesar de toda a tecnologia informativa cheia de recursos cada vez mais sofisticados, em muitas famílias de nosso século já não existe mais tempo para o diálogo, com o pouco tempo que restou, devido a vários fatores mas também porque, principalmente a TV, além de interferir no conteúdo das conversas, colocou um “esparadrapo” na boca de todos, criando um monólogo televisual. São famílias que não desenvolveram um espírito crítico em relação aquilo que vêem na TV. E muito menos tranformaram o seu conteúdo em temas para debates ou diálogo dentro do círculo familiar. Embora devamos admitir que há temas que não valem a pena nem mesmo mencionar o título. Há uma anedota sobre dois pesquisadores que desejavam comprovar como a força do hábito de ver TV alterava a quantidade de tempo dedicada à comunicação em família. Eles tentaram determinar se, ver menos televisão levaria a um crescimento na comunicação familiar. Entraram em contato com oficinas de consertos de televisão, para obter os nomes das pessoas que haviam mandado consertar seus aparelhos. Uma vez que essas pessoas ficariam sem televisão por mais ou menos uma semana, os pesquisadores planejaram entrevistar essas famílias, para ver se conversavam mais na ausência da televisão. Contudo, tal hipótese estava errada, pois constataram que quando as pessoas levavam um aparelho de TV para a oficina, sempre davam um jeito de arranjar outro emprestado. O fato concreto é que a comunicação em família foi afetada com a chegada da televisão. Há um conselho de que quando os problemas com a comunicação surgirem ou forem percebidos, é hora de fazer uma perguntinha que pode ser fundamental para resolver a situação, principalmente quando a desculapa é falta de tempo, a pergunta é: “O que estamos fazendo com àquelas horas na frente da tevê?” É claro que as pessoas não ficam 100% mudas diante da telinha, mas quanto maior for o grau de interesse pelo que está sendo apresentado na TV, menos amistoso as pessoas se sentem a respeito de uma interrupção. Evidentemente existe, em menor ou maior grau, um envolvimento afetivo do telespectador com as personagens e situações da televisão. É preciso lembrar todavia que as mensagens televisuais atuam por impregnação, agindo sobre o inconsciente e o imaginário, que distrai e cativa a pessoa, paralizando, por assim dizer sua capacidade de ação e reflexão. Talvez seja esta a razão por que há tantas famílias que no "horário nobre" estão demasiado fascinadas com o que assistem, que não têm tempo para ouvir, falar ou atender a pedidos. E quando alguém ousa interromper a programação favorita, acaba ocorrendo uma verdadeira “guerra”. Em certas ocasiões, até mesmo quando chega visita a indiferença é demonstrada, e o “aparelho das fantasias”, muitas vezes ignorante, inculto e irreligioso, continua tendo a suprema veneração. De acordo com o relatório anual do AD Council (www.adcouncil.org - entidade americana pró-lar e família), publicado na revista Seleções (em inglês - junho de 1998), “50% dos lares americanos deixam a televisão ligada durante o jantar em família.” Para o Dr. William J. Doherty (Ph.D.), autor do livro: “Intentional Family: How to build Family Ties in Our Modern World”, assistir TV na hora da refeição é lamentável, pois o tempo do jantar é frequentemente o único momento do dia quando há uma oportunidade para toda família estar junta e sentir um senso real de conexão e unidade. Sem um frequente reforço, a conexão familiar pode se perder, e principalmente as crianças, começarão a se sentir isoladas. Por essa razão, o relatório do AD Council dá algumas sugestões de como aproveitar o tempo das refeições e desenvolver o diálogo em família:
Faça da refeição uma hora especial, desligue a TV.
Acenda algumas velas e não comece o jantar até todos estarem presentes. Se a sua filha adolescente está no telefone e vocês começam sem ela, vocês estão dizendo que ela não é importante o suficiente para ser aguardada no jantar.
Todos devem permanecer à mesa até que o último membro da família tenha acabado de comer.
Se os conflitos e brigas tornarem o jantar em família impossível, seja criativo, pense em alternativas como um picnic à luz do luar.
Se não há como ter um jantar em família pelo menos uma ou duas vezes na semana, transforme o café da manhã aos sábados ou domingos em momentos especiais.
Algumas vezes saia com toda família para comer em um restaurante típico, onde não tenha televisão ligada. Lembre-se: o objetivo é manter a conexão familiar.
Procure transformar a hora da refeição num ritual em família, fazendo do diálogo um hábito.
DESENVOLVENDO VALORES NA FAMÍLIA
Instilar valores fortes no caráter de uma criança é a única maneira de torná-la inócua contra as muitas influências negativas a que elas estão expostas a cada dia. Mas essa não é uma tarefa fácil, onde dar presentes e brinquedos caros seja sufuciente. De acordo com Harriet Heath (Ph.D.), autor do livro Planning: The Key to Meeting the Challenge of Parenting, “são os pequenos atos de amor demosntrados a cada dia, cheios de apoio e orientação, que fazem uma enorme diferença na vida da criança” (READER’S DIGEST, June of 1998:304). Todavia, a mídia é um dos maiores obstáculos e a mais poderosa influência, que na maioria das vezes, vai diretamente contra a educação das crianças. Allan Bloom, em seu livro “O declínio da Cultura Ocidental”, analiza de forma objetiva a principal causa do fracasso das famílias pós-modernas, tanto no que diz respeito ao relacionamento interpessoal entre os seus membros, como na sua estrutura e educação cristã. Há quem defenda o uso irrestrito da TV no lar, alegando que quando ocorre reunião de família por exemplo, o convívio é mais pacífico se a televisão está ligada. Essa “paz” ocorre porque os membros da família podem focalizar todsa sua atenção na televisão, em vez de uns nos outros, e desta forma avitam discusões e indelicadezas. Ao escrever sobre a religião e a família, Bloom observa que existe um paradoxo religioso na atual geração. Enquanto a sociedade cai no modismo do respeito ao sagrado, a religião propriamente dita, e de maneira mais específica o conhecimento da Bíblia, foram diminuídos até o ponto de fuga. Para ele, até algumas gerações passadas, a família estava muita bem alicerçada na prática religiosa, a qual consistia em cultos familiares, assiduidade à igreja, reflexões sobre a lei moral de Deus, bem como nos heróis bíblicos (verdadeiros modelos de virtudes), recomendações ao amor fraternal, orações à hora da mesa e recitações de passagens bíblicas, que literalmente ecoavam na mente das crianças. Tudo isso formava um modo de vida, uma responsabilidade familiar. O ensino moral correspondia ao ensino religioso. Tanto as lições morais como os limites éticos eram norteados pela Bíblia Sagrada. Todavia o quadro em que apresenta-se a família hoje não é o mesmo. Para Bloom, “a perda do esteio da vida interior concedido àqueles que eram alimentados pela Bíblia deve ser primeiramente atribuída não às escolas ou à vida política, mas sim à família, a qual, com todos os seus direitos à privacidade, se demonstrou incapaz de manter todo e qualquer conteúdo próprio. A melancolia da paisagem espiritual da família é inacreditável. É tão monocrática e tão alheia a quem vive nela como as estepes desérticas freqüentadas por nômades, os quais extraem sua mera subsistência e vão embora. O delicado tecido da civilização, no qual as sucessivas gerações se entrelaçam, desfiou-se; e os filhos são criados, mas não educados” (BLOOM, 1987:71). Para um grande número de pais, a educação de seus filhos recebe toda prioridade, além de sua sincera devoção material. “Acontece porém que não têm nada para dar aos filhos em termos de uma visão do mundo, de elevados modelos de conduta ou de profundo senso de relação com os outros. A família exige a mais delicada mistura de natureza e de convenções, do humano e do divino, para que subsista e preencha suas funções. Na base dela está a mera reprodução fisiológica, mas a sua finalidade é a formação de seres humanos civilizados”. (IDEM,71). Bloom ainda expõe o fato de que a família precisa se alimentar de livros, “os quais falam do que é justo e injusto, bom e mau, explicando porque é assim. A família requer certa autoridade e sabedoria quanto aos caminhos dos céus e dos homens...a família tem de ser uma unidade sagrada, crente na permanência daquilo que ensina...quando a crença desaparece, conforme ocorreu, a família guarda na melhor das hipóteses uma unidade transitória. As pessoas jantam, brincam e viajam juntas, mas não pensam juntas. É raro que haja vida intelectual em qualquer residência, muito menos uma vida que inspire os interesses essenciais da existência”. (IDEM,72). O abandono das “tradições” na família, dos conhecimentos “antigos”, e da própria Bíblia, trouxeram o desaparecimento gradativo e inevitável da fé em Deus, que é a base mais sólida para as tradições familiares. Com essa perda, pais e mães perderam a noção de que o mais elevado legado que poderiam fornecer aos filhos seria a sabedoria, e principalmente aquela que vem do alto. Porém, tudo o que mais almejam é a formação especializada e o sucesso profissional de seus filhos. Essa perda das tradições familiares tem levado os pais a uma perda de autoridade e da confiança em si próprios como educadores dos filhos. “Simultaneamente, com as constantes novidades e incessantes deslocamentos de um lugar para o outro, primeiro o rádio e depois a televisão assaltaram e transormaram a intimidade do lar...a qual permitia o desenvolvimento de uma vida superior e mais independente dentro da sociedade democrática. Os pais já não conseguem dominar a atmosfera domiciliar e até perderam a vontade de o fazer. Com grande sutileza e energia, a televisão entrou não só na sala, mas também nos gostos tanto de jovens quanto de velhos, apelando ao imediatamente agradável e subvertendo tudo quanto não se conforme com ela. Nietzsche dizia que o jornal substituíra a oração na vida do burguês moderno, querendo dizer que o mundano, o vulgar, o efêmero tinham usurpado tudo o que restava do eterno na sua vida diária. Hoje em dia, a televisão substituiu o jornal”. (IDEM, 73-74).
Em um discurso proferido do Vaticano em 1994, o Papa João Paulo II, comentando a influência da TV sobre as famílias ao redor do mundo, definiu a televisão como “a pior ameaça para a vida familiar” e a responsabilizou por “glorificar o sexo e a violência”. Segundo H. Arendt, não se pode mais dizer que os lares de hoje são as quatro paredes onde se desenrola a vida da família. Muito menos de que o lar é uma proteção contra o mundo, e em particular contra o aspecto público do mundo. Como já dissemos, ao longo do processo de socialização as crianças são o objeto da ação de várias instituições especializadas: a família, a escola, a igreja, a mídia. Todavia nada pode substituir a relação sócio-afetiva da criança e sua interação com o meio. Se a TV tem certa importância no desenvolvimento sociológico da criança como já vimos que tem, é preciso porém ter o devido cuidado para não exagerar nessa importância. Isso porque a TV não substituiu a interatividade da criança com os outros, especialmente a família, bem como os coleguinhas, e enfim: todas as pessoas que fazem parte de seu universo existencial.
Apesar de toda a tecnologia informativa cheia de recursos cada vez mais sofisticados, em muitas famílias de nosso século já não existe mais tempo para o diálogo, com o pouco tempo que restou, devido a vários fatores mas também porque, principalmente a TV, além de interferir no conteúdo das conversas, colocou um “esparadrapo” na boca de todos, criando um monólogo televisual. São famílias que não desenvolveram um espírito crítico em relação aquilo que vêem na TV. E muito menos tranformaram o seu conteúdo em temas para debates ou diálogo dentro do círculo familiar. Embora devamos admitir que há temas que não valem a pena nem mesmo mencionar o título. Há uma anedota sobre dois pesquisadores que desejavam comprovar como a força do hábito de ver TV alterava a quantidade de tempo dedicada à comunicação em família. Eles tentaram determinar se, ver menos televisão levaria a um crescimento na comunicação familiar. Entraram em contato com oficinas de consertos de televisão, para obter os nomes das pessoas que haviam mandado consertar seus aparelhos. Uma vez que essas pessoas ficariam sem televisão por mais ou menos uma semana, os pesquisadores planejaram entrevistar essas famílias, para ver se conversavam mais na ausência da televisão. Contudo, tal hipótese estava errada, pois constataram que quando as pessoas levavam um aparelho de TV para a oficina, sempre davam um jeito de arranjar outro emprestado. O fato concreto é que a comunicação em família foi afetada com a chegada da televisão. Há um conselho de que quando os problemas com a comunicação surgirem ou forem percebidos, é hora de fazer uma perguntinha que pode ser fundamental para resolver a situação, principalmente quando a desculapa é falta de tempo, a pergunta é: “O que estamos fazendo com àquelas horas na frente da tevê?” É claro que as pessoas não ficam 100% mudas diante da telinha, mas quanto maior for o grau de interesse pelo que está sendo apresentado na TV, menos amistoso as pessoas se sentem a respeito de uma interrupção. Evidentemente existe, em menor ou maior grau, um envolvimento afetivo do telespectador com as personagens e situações da televisão. É preciso lembrar todavia que as mensagens televisuais atuam por impregnação, agindo sobre o inconsciente e o imaginário, que distrai e cativa a pessoa, paralizando, por assim dizer sua capacidade de ação e reflexão. Talvez seja esta a razão por que há tantas famílias que no "horário nobre" estão demasiado fascinadas com o que assistem, que não têm tempo para ouvir, falar ou atender a pedidos. E quando alguém ousa interromper a programação favorita, acaba ocorrendo uma verdadeira “guerra”. Em certas ocasiões, até mesmo quando chega visita a indiferença é demonstrada, e o “aparelho das fantasias”, muitas vezes ignorante, inculto e irreligioso, continua tendo a suprema veneração. De acordo com o relatório anual do AD Council (www.adcouncil.org - entidade americana pró-lar e família), publicado na revista Seleções (em inglês - junho de 1998), “50% dos lares americanos deixam a televisão ligada durante o jantar em família.” Para o Dr. William J. Doherty (Ph.D.), autor do livro: “Intentional Family: How to build Family Ties in Our Modern World”, assistir TV na hora da refeição é lamentável, pois o tempo do jantar é frequentemente o único momento do dia quando há uma oportunidade para toda família estar junta e sentir um senso real de conexão e unidade. Sem um frequente reforço, a conexão familiar pode se perder, e principalmente as crianças, começarão a se sentir isoladas. Por essa razão, o relatório do AD Council dá algumas sugestões de como aproveitar o tempo das refeições e desenvolver o diálogo em família:
Faça da refeição uma hora especial, desligue a TV.
Acenda algumas velas e não comece o jantar até todos estarem presentes. Se a sua filha adolescente está no telefone e vocês começam sem ela, vocês estão dizendo que ela não é importante o suficiente para ser aguardada no jantar.
Todos devem permanecer à mesa até que o último membro da família tenha acabado de comer.
Se os conflitos e brigas tornarem o jantar em família impossível, seja criativo, pense em alternativas como um picnic à luz do luar.
Se não há como ter um jantar em família pelo menos uma ou duas vezes na semana, transforme o café da manhã aos sábados ou domingos em momentos especiais.
Algumas vezes saia com toda família para comer em um restaurante típico, onde não tenha televisão ligada. Lembre-se: o objetivo é manter a conexão familiar.
Procure transformar a hora da refeição num ritual em família, fazendo do diálogo um hábito.
DESENVOLVENDO VALORES NA FAMÍLIA
Instilar valores fortes no caráter de uma criança é a única maneira de torná-la inócua contra as muitas influências negativas a que elas estão expostas a cada dia. Mas essa não é uma tarefa fácil, onde dar presentes e brinquedos caros seja sufuciente. De acordo com Harriet Heath (Ph.D.), autor do livro Planning: The Key to Meeting the Challenge of Parenting, “são os pequenos atos de amor demosntrados a cada dia, cheios de apoio e orientação, que fazem uma enorme diferença na vida da criança” (READER’S DIGEST, June of 1998:304). Todavia, a mídia é um dos maiores obstáculos e a mais poderosa influência, que na maioria das vezes, vai diretamente contra a educação das crianças. Allan Bloom, em seu livro “O declínio da Cultura Ocidental”, analiza de forma objetiva a principal causa do fracasso das famílias pós-modernas, tanto no que diz respeito ao relacionamento interpessoal entre os seus membros, como na sua estrutura e educação cristã. Há quem defenda o uso irrestrito da TV no lar, alegando que quando ocorre reunião de família por exemplo, o convívio é mais pacífico se a televisão está ligada. Essa “paz” ocorre porque os membros da família podem focalizar todsa sua atenção na televisão, em vez de uns nos outros, e desta forma avitam discusões e indelicadezas. Ao escrever sobre a religião e a família, Bloom observa que existe um paradoxo religioso na atual geração. Enquanto a sociedade cai no modismo do respeito ao sagrado, a religião propriamente dita, e de maneira mais específica o conhecimento da Bíblia, foram diminuídos até o ponto de fuga. Para ele, até algumas gerações passadas, a família estava muita bem alicerçada na prática religiosa, a qual consistia em cultos familiares, assiduidade à igreja, reflexões sobre a lei moral de Deus, bem como nos heróis bíblicos (verdadeiros modelos de virtudes), recomendações ao amor fraternal, orações à hora da mesa e recitações de passagens bíblicas, que literalmente ecoavam na mente das crianças. Tudo isso formava um modo de vida, uma responsabilidade familiar. O ensino moral correspondia ao ensino religioso. Tanto as lições morais como os limites éticos eram norteados pela Bíblia Sagrada. Todavia o quadro em que apresenta-se a família hoje não é o mesmo. Para Bloom, “a perda do esteio da vida interior concedido àqueles que eram alimentados pela Bíblia deve ser primeiramente atribuída não às escolas ou à vida política, mas sim à família, a qual, com todos os seus direitos à privacidade, se demonstrou incapaz de manter todo e qualquer conteúdo próprio. A melancolia da paisagem espiritual da família é inacreditável. É tão monocrática e tão alheia a quem vive nela como as estepes desérticas freqüentadas por nômades, os quais extraem sua mera subsistência e vão embora. O delicado tecido da civilização, no qual as sucessivas gerações se entrelaçam, desfiou-se; e os filhos são criados, mas não educados” (BLOOM, 1987:71). Para um grande número de pais, a educação de seus filhos recebe toda prioridade, além de sua sincera devoção material. “Acontece porém que não têm nada para dar aos filhos em termos de uma visão do mundo, de elevados modelos de conduta ou de profundo senso de relação com os outros. A família exige a mais delicada mistura de natureza e de convenções, do humano e do divino, para que subsista e preencha suas funções. Na base dela está a mera reprodução fisiológica, mas a sua finalidade é a formação de seres humanos civilizados”. (IDEM,71). Bloom ainda expõe o fato de que a família precisa se alimentar de livros, “os quais falam do que é justo e injusto, bom e mau, explicando porque é assim. A família requer certa autoridade e sabedoria quanto aos caminhos dos céus e dos homens...a família tem de ser uma unidade sagrada, crente na permanência daquilo que ensina...quando a crença desaparece, conforme ocorreu, a família guarda na melhor das hipóteses uma unidade transitória. As pessoas jantam, brincam e viajam juntas, mas não pensam juntas. É raro que haja vida intelectual em qualquer residência, muito menos uma vida que inspire os interesses essenciais da existência”. (IDEM,72). O abandono das “tradições” na família, dos conhecimentos “antigos”, e da própria Bíblia, trouxeram o desaparecimento gradativo e inevitável da fé em Deus, que é a base mais sólida para as tradições familiares. Com essa perda, pais e mães perderam a noção de que o mais elevado legado que poderiam fornecer aos filhos seria a sabedoria, e principalmente aquela que vem do alto. Porém, tudo o que mais almejam é a formação especializada e o sucesso profissional de seus filhos. Essa perda das tradições familiares tem levado os pais a uma perda de autoridade e da confiança em si próprios como educadores dos filhos. “Simultaneamente, com as constantes novidades e incessantes deslocamentos de um lugar para o outro, primeiro o rádio e depois a televisão assaltaram e transormaram a intimidade do lar...a qual permitia o desenvolvimento de uma vida superior e mais independente dentro da sociedade democrática. Os pais já não conseguem dominar a atmosfera domiciliar e até perderam a vontade de o fazer. Com grande sutileza e energia, a televisão entrou não só na sala, mas também nos gostos tanto de jovens quanto de velhos, apelando ao imediatamente agradável e subvertendo tudo quanto não se conforme com ela. Nietzsche dizia que o jornal substituíra a oração na vida do burguês moderno, querendo dizer que o mundano, o vulgar, o efêmero tinham usurpado tudo o que restava do eterno na sua vida diária. Hoje em dia, a televisão substituiu o jornal”. (IDEM, 73-74).
Em um discurso proferido do Vaticano em 1994, o Papa João Paulo II, comentando a influência da TV sobre as famílias ao redor do mundo, definiu a televisão como “a pior ameaça para a vida familiar” e a responsabilizou por “glorificar o sexo e a violência”. Segundo H. Arendt, não se pode mais dizer que os lares de hoje são as quatro paredes onde se desenrola a vida da família. Muito menos de que o lar é uma proteção contra o mundo, e em particular contra o aspecto público do mundo. Como já dissemos, ao longo do processo de socialização as crianças são o objeto da ação de várias instituições especializadas: a família, a escola, a igreja, a mídia. Todavia nada pode substituir a relação sócio-afetiva da criança e sua interação com o meio. Se a TV tem certa importância no desenvolvimento sociológico da criança como já vimos que tem, é preciso porém ter o devido cuidado para não exagerar nessa importância. Isso porque a TV não substituiu a interatividade da criança com os outros, especialmente a família, bem como os coleguinhas, e enfim: todas as pessoas que fazem parte de seu universo existencial.
Jorge Schemes
Bacharel em Teologia Línguas Bíblicas pelo SALT. Licenciado em Pedagogia com Habilitação em Administração Escolar e Séries Iniciais – ACE. Pós-Graduado em Interdisciplinaridade com Especialização em Metodologia do Ensino Superior – IBPEX/UNIVILLE / Pós-Graduado em Psicopedagogia Clínica e Institucional – IBPEX/FACINTER. Licenciado em Ciências da Religião – FURB. Técnico Pedagógico na GEREI – Joinville, SC. Professor de Filosofia da Educação na ACE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário